Projetos Prioritários
A Estruturação do Grande Projeto Missões está baseada em 5 projetos prioritários que constituem a essência básica das atividades para atingir a meta estabelecida.
Contudo, apesar do foco inicial ser a hoje região geográfica das Missões, estamos trabalhando no sentido de ampliar esse foco para todo o território onde houve atividade missioneira na época dos jesuítas e guaranis, que compreenderia quase todo o território do atual Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina (algumas províncias) e Paraguai (algumas províncias), no que era chamada a Província Jesuítica do Paraguai envolvendo os 30 povos.
Estamos chamando de projetos prioritários aqueles projetos que são os de importância fundamental para o conceito do Grande Projeto Missões e que foram concebidos no início do projeto, porém com a evolução do mesmo muitos outros projetos estão sendo desenvolvidos e que serão tratados como desdobramentos do Plano Missões 20-30.
Os projetos prioritários são os seguintes:
1. Infraestrutura turística
(aqueles realizados fora dos sítios arqueológicos do Iphan/PHNM)
A infraestrutura da cadeia turística é fundamental para atrair e manter turistas e sem as quais não há como se atingir os objetivos. Também é importante ressaltar que se trata de algo básico e fundamental para o conforto básico do turista que visita um determinado local.
No nosso caso da região das Missões foram identificados os seguintes:
1.1 Acesso asfáltico aos sítios arqueológicos de São João Batista e São Lourenço Mártir
Estes dois sítios não dispunham de acessos em condições de receber os turistas e com isso inviabiliza a sua inclusão nos roteiros das agências de viagens e escolas.
Os dois trechos de 6,5km cada um entre a BR285 e os sítios arqueológicos do Iphan já estão licitados e em obras.
O Grande Projeto Missões trabalha no sentido de viabilizar os recursos financeiros para essas obras e também para assegurar que as obras sejam realizadas e os pavimentos implementados o mais rápido possível.
Os recursos financeiros foram incluídos no orçamento da União em 2020. Os projetos foram realizados e as obras foram licitadas em 2021 e a execução de da preparação de alguns trechos e as licenças necessárias estão em curso durante o ano de 2022. A previsão de conclusão é 2023.
1.2 Novos atrativos turísticos
Para que tenhamos a região das Missões como um destino turístico relevante é necessário complementar a oferta dos atrativos turísticos para que o turista possa preencher o seu tempo, além do que é gasto na visitação básica do sitio arqueológico de São Miguel e os poucos museus disponíveis.
Os atrativos devem ser os mais variados possíveis e serem complementares. Há várias iniciativas em andamento neste momento na Região.
O Grande Projeto Missões trabalha no sentido de incentivar e apoiar os empreendedores locais e o poder público na criação de novos atrativos na Região.
A Região está vivendo um momento ímpar de transformação com a criação de várias novas atrações e isso está criando a famosa espiral positiva que muito motiva as pessoas a investir e isso também contribui para aumentar o fluxo de turistas. É o início do processo positivo de transformação do segmento.
1.3 Qualificação e ampliação da oferta de hospedagem
Considerando que a região das Missões está distante dos grandes centros com alta densidade populacional e este deslocamento exige que os turistas necessitem dormir na região para usufruir dos atrativos locais, a rede hoteleira deve ter condições em qualidade e quantidade de absorver esta demanda de turistas.
Obviamente a realização dos investimentos pela iniciativa privada são condicionadas ao crescimento da demanda com a chegada dos turistas.
1.4 Qualificação e ampliação da oferta de gastronomia
Da mesma forma que o segmento da hospedagem na área da gastronomia é importante e necessário que a região esteja preparada para receber os turistas que se espera.
Também, os investimentos estão condicionados ao incremento da demanda dos turistas. Contudo, o Grande Projeto Missões está buscando articulações no sentido de assegurar que haja um sincronismo nesse processo e auxilie os empreendedores locais a tomada de decisão no momento correto.
O grande parceiro deste processo é o SEBRAE.
1.5 Cobertura do sinal de telecomunicação
No mundo atual é imprescindível que as pessoas se mantenham conectadas, mesmo porque além de uma questão de segurança é um processo de divulgação gratuito para a região a possibilidade das pessoas poderem postar nas suas redes sociais que estão visitando o local.
A força de penetração das redes sociais não é possível de ser desprezada.
Infelizmente, atualmente os sítios de São Lourenço e São João Batista não possuem nenhuma cobertura de sinal de telefonia ou de internet (wi-fi). Também na cidade de São Miguel a cobertura de sinal de telefonia é bem precária.
O Grande Projeto Missões tem trabalhado junto às operadoras locais para alterar esse quadro, assim como junto ao Iphan e prefeituras municipais para viabiliza a implantação de wi-fi nos sítios arqueológicos.
2. Fonte permanente de financiamento
Lei do Pró-Missões (Lei 15866/22 já promulgada)
A transformação do tema Missões Jesuítico Guarani em um atrativo turístico no Estado do Rio Grande do Sul está condicionada à existência de uma fonte permanente de recursos financeiros que permitam a realização dos investimentos necessários para recuperar o patrimônio histórico das missões jesuíticas, qualificação o ensino do tema, desenvolver atrações temáticas e também promover os destinos turísticos.
Com a aprovação da Lei 15866/22, que criou o Fundo de Desenvolvimento (Pró-Missões) dos projetos que envolvem a temática missioneira em todo o Estado foi lançada o primeiro passo para viabilizar a existência da fonte permanente de recursos financeiros que possibilitará a execução dos projetos previstos e que transformarão as Missões Jesuítico Guarani em um destino turístico relevante no Rio Grande do Sul.
Contudo, ainda há a necessidade de regulamentação da Lei por parte do Executivo Estadual. A continuidade do Grande Projeto Missões está condicionada à regulamentação desta Lei que segundo as negociações iniciais teria o limite de captação de 35 milhões de reais por ano, sendo 10 milhões exclusivos para projetos envolvendo os sítios arqueológicos do PHNM.
3. Educação & Pesquisa histórica
Este é considerado o projeto mais importante e que tem a característica de ser transformador e permanente.
O foco aqui é a alteração da forma que o tema Missões Jesuítico Guarani vem sendo ensinado nas nossas escolas e prover mais conteúdo para enriquecer a história relatada nas salas de aula.
Este é um trabalho que envolve os profissionais da área da educação, mas sob a ótica dos tempos modernos e voltado para a inovação. É fundamental agregar as ferramentas modernas de ensino e tecnologia para tornar o tema mais atraente para as novas gerações. O desafio é muito grande.
A história das missões jesuítico guarani ainda está sendo pesquisada e em evolução, longe ainda de estar consolidada, e isso exige ainda muito trabalho de pesquisa histórica para que possamos transmitir aos nossos alunos (futuras gerações) os fatos o mais próximo possível da realidade que existiu.
Um dos pilares fundamentais desse processo de transformação é a qualificação dos professores de história missioneira. Essa qualificação será feita em conjunto com as Coordenadorias Regionais de Educação e Secretarias Municipais de Educação, com apoio da Escola de Inovação da Unisinos.
Também será desenvolvido e fornecido um amplo material didático de apoio para ser utilizado em sala de aula com os alunos visando tornar mais atraente o ensino deste tema.
Campanhas motivacionais envolvendo premiações serão estimuladas para manter a atenção e atratividade para o tema missioneiro.
O projeto prevê o estímulo que as escolas da região possam visitar os sítios arqueológicos e desenvolver um projeto pedagógico nos locais onde a história realmente aconteceu.
O conceito de transmissão do conhecimento a partir da vivência também será estimulado com a viabilização de viagens de estudo dos professores de história para visitação dos principais sítios arqueológicos e museus dos 30 povos (Brasil, Argentina e Paraguai).
4. Preservação do Patrimônio histórico & requalificação dos sítios arqueológicos
São Miguel das Missões é o único patrimônio cultural reconhecido pela UNESCO no sul do País e infelizmente há mais de 30 anos não recebe nenhum investimento significativo que permita sua requalificação ou trabalhos relevantes de arqueologia.
Se um patrimônio da UNESCO tem esse nível de investimento imaginem os demais sítios que integram o Parque Histórico Nacional das Missões, que foi criado em 2009. O nível de falta de investimento nos sítios de São Lourenço Mártir, São João Batista e São Nicolau é preocupante.
Há muito o que fazer nos sítios arqueológicos que integram o PHNM, contudo não há orçamento previsto no IPHAN para isso.
Também há vários locais históricos que são sítios arqueológicos ligados à história missioneira em todo o Estado do Rio Grande do Sul que não integram o PHNM e que precisam de recursos financeiros para sua preservação.
Como se trata de sítios arqueológicos um trabalho integrado e coordenado com o IPHAN é fundamental.
O conceito que o Grande Projeto Missões propõe para estes espaços é a viabilização dos recursos financeiros através da Lei do Pró-Missões e a execução dos projetos de requalificação dos sítios arqueológicos sendo realizados pelo próprio Iphan.
O processo de requalificação aqui proposto inclui a limpeza das áreas dos sítios com a remoção da vegetação, utilização da técnica de anastilose para recompor as estruturas caídas e que possuem material no próprio local, escavações arqueológicas para expor as estruturas que atualmente estão soterradas, novas sinalizações, criação de espaços para o recebimento de turistas, novos espaços de exposição e interpretação entre outras ações que se fazem necessárias. Esse é um trabalho para vários anos com muitas equipes trabalhando.
Aqui teremos o desafio de encontrar no mercado profissionais qualificados e experientes em quantidade suficiente para a realização deste trabalho visto que há muitos anos não há trabalhos sendo realizados nas missões (há muitas frentes de trabalho para serem realizadas simultaneamente, pois todos são prioridades).
Além dos trabalhos nos quatro sítios que integram o Parque Histórico Nacional das Missões há a necessidade de se preservar os demais locais que ainda estão com propriedade de privados e que o Iphan ainda não identificou.
No sentido de evitar os desgastes que ocorreram no passado com o Iphan e a população local, o Grande Projeto Missões propõe através dos recursos da Lei do Pro-Missões viabilizar a preservação deste locais em parceria com os atuais proprietários através da aquisição dos espaços e a manutenção da posse, como fieis depositários, até que o Iphan possa administrar estes patrimônios. Essas ações visam assegurar que os bens sejam preservados (evitar a destruição ou sumiço – estimulando que a população informe a existência dos patrimônios históricos) e o atual proprietário remunerado pela sua propriedade por valores atualizados de mercado.
Este projeto deverá ser executado em fina sintonia com o IPHAN pois os sítios arqueológicos são de responsabilidade do Instituto. Cabe ao Grande Projeto Missões viabilizar os recursos financeiros e sinalizar o desejo da comunidade na requalificação dos sítios arqueológicos e do desejo imperativo que os sítios arqueológicos saiam de dentro do mato ou debaixo da terra, se tornando um atrativo turístico similar aos que existem na Europa.
5. Integração dos 30 povos (ação integradas com os demais Países)
A história missioneira precisa ser recontada e com as fronteiras entre os atuais Países retirada.
Por muito tempo aqui no Brasil a história missioneira foi focada nos sete povos, restringindo o seu espaço às reduções que estão atualmente no território brasileiro. Contudo, esse é erro muito clássico pois na época que as reduções existiram não haviam as fronteiras como conhecemos atualmente. O território das missões jesuítico guarani compreendia 30 povos e abrangiam os territórios hoje ocupados pelo Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai.
O grande desafio é fazer que essa história maravilhosa seja contada de uma forma integrada apesar das barreiras de fronteiras e desigualdades que hoje existem e dificultam a integração.
O que se observa é que os desafios encontrados pelos povos dos demais países em preservar os seus patrimônios, divulgar sua história e transformar este patrimônio e história em um atrativo turístico rentável economicamente são exatamente os mesmos que encontramos no Rio Grande do Sul.
Assim, esse desafio em comum é um fator que nos une, além da história.
O Grande Projeto Missões tem como objetivo estimular a integração e trabalhar na viabilização da solução dos problemas que são comuns a todos os quatro Países.
O primeiro passo dado foi a criação em parceira com o BID do site do Caminho dos Jesuítas que colocou todos os atrativos turísticos em um web site.
O outro passo foi após a participação na Assembleia dos Trintas Pueblos em San Ignacio Guazu em setembro de 2022 a criação de um grupo de whatsapp que integram representantes de cada um dos 30 povos no sentido de trocarmos experiências e cooperar para o desenvolvimento do tema missioneiro. Esse grupo já está em funcionamento e propondo ações de integração e desenvolvimento.